Fica desde já o reconhecimento da culpa. Sim, as minhas playlists são incoerentes; uma espécie de patchwork musical - mas é assim que eu gosto delas. Não é só a busca do eclético. É sobretudo a forma como a minha mente musical (presunçoso!) está organizada. Ouço música com a pele e a pele, como nós sabemos, é dos órgãos mais difíceis de controlar pelo cérebro. Por isso, o elo condutor é quase sempre um sentimento, um ambiente, uma imagem, que provavelmente dirá sempre muito mais a mim do que àqueles que possam ouvir a música que juntei.
Esta é para estes dias de chuva, frio e necessidade de conforto. É para estar à frente da lareira (ou de um sucedâneo) a pensar nas coisas que realmente importam na vida - o amor, em todas as suas formas, as convicções, a busca da felicidade e, no meu caso, um bom vinho tinto.
Por exemplo, o piano de "To Build a Home", dos Cinematic Orchestra, é conforto e proteção. A voz, áspera e negra, de Johnny Cash é a melancolia atada à consciência, enquanto as vozes, cristalinas mas tristes das irmãs Soderberg, das First Aid Kit, inquietam de outra forma, como um gemido de dor. E depois chega aquele por-de-sol de Inverno, na voz de Karen Carpenter (sim, porque eles são para lá de bons!), escondendo numa lírica de esperança e felicidade toda uma vida de depressão e excesso.
Faz sentido? Para mim faz.
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